A professora de seu filho sabe o que é dislexia?
O ano começou e logo viram as provas, será que os professores do seu filho sabem o que é Dislexia? Através de conversa com alguns amigos educadores descobri que algumas faculdades não abordam este tema. Resolvi então fazer para a professora do meu filho uma ficha de apresentação que aborda inicialmente um pouco da nossa história, das caracteristicas dele e claro tudo sobre dislexia. Deixo aqui parte do conteúdo para os pais que desejarem fazer o mesmo.
Acredito que tendo em mãos o conteúdo a professora poderá não só conhecer melhor o meu filho como a dislexia. O professor é uma pessoa importante na vida das crianças ele fará parte da vida dele não apenas por uma ano mais por toda a sua vida. Devemos ensinar não somente a respeitar mais valorizar esse profissional tão importante.
Sabendo
um pouco mais sobre a dislexia.
1.
A dislexia é uma doença?
Tecnicamente, sim. Ela se
encontra na Classificação Internacional de Doenças e é hereditária. “Mas os
especialistas preferem se referir a ela como um transtorno de aprendizagem e
não como uma doença, para que o público não a associe com algo que possa ser
curado com remédios”, explica a fonoaudióloga Ana Luiza.
Dislexia
- Sintomas a partir dos sete anos de idade
·
A letra pode ser mal grafada e, até,
ininteligível; pode borrar ou ligar as palavras entre si;
·
Esquece o que aprendeu em poucas horas, dias
ou semanas;
·
Tem grande imaginação e criatividade;
·
Desliga-se facilmente, entrando "no
mundo da lua";
·
Apresenta dor de barriga na hora de ir para a
escola e pode ter febre alta em dias de prova;
·
Tem mudanças bruscas de humor;
·
É extremamente desordenado. Os cadernos e
livros são borrados e amassados;
·
Dificuldades para andar de bicicleta, para
abotoar a roupa e amarrar o cordão dos sapatos;
A escola: o pé de apoio
O governo federal garante,
por meio da política de inclusão, que alunos com algum tipo de deficiência
tenham atendimento especial sem precisar sair da sala de aula. Diferente de
outros tempos, em que os pais levavam os filhos para a tal escola especial,
hoje as crianças podem aprender com os ditos normais.
Em Boa Vista, projeto de
autoria do vereador Manoel Neves (PRB) diz que crianças com dislexia devem ter
acompanhamento integral e humanizado.
O professor Isac Farias
reconhece que sem a ajuda de um profissional especializado ficaria difícil
chegar ao resultado que se vê hoje. “Ele não lia nada”, lembra. Para o
educador, a inclusão ajuda os alunos a interagir e se desenvolverem. “Eles se
esforçam para se comunicar”, explica.
Famosos
e a dislexia
Quando se fala em
deficiência no aprendizado, imagina-se um aluno com capacidade intelectual
limitada. Engana-se quem pensa assim. A própria história mostra personagens
importantes que sofreram do mesmo mal e foram tão geniais quanto quem nunca
teve qualquer problema para aprender a lê e escrever.
Albert Eisntein foi um
deles. Zeneida Luczynski transcreve em seu livro o relato do cientista:
"Quando eu lia, somente ouvia o que estava lendo, e era incapaz de lembrar
a aparência visual da palavra que lia". Leonardo da Vinci, considerado um
dos maiores gênios da história pela sua multiplicidade para a ciência e artes,
também sofreu com a doença. A lista de famosos disléxicos é imensa: Nelson Rockefeller,
vice-presidente dos Estados Unidos, Magic Johnson, jogador americano de
basquete, general George Patton, gênio militar da II Grande Guerra Mundial, e
os atores Henry Winkler e Tom Cruise são alguns dos nomes que quebraram o muro
do preconceito e da exclusão.
Legislação
de apoio para atendimento ao disléxico
LDB 9.394/96
Art. 12 - Os
estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de
ensino, terão a incumbência de:
I - elaborar e executar sua
Proposta Pedagógica.
V - prover meios para a
recuperação dos alunos de menor rendimento.
VII -informar os pais e
responsáveis sobre a freqüência e o rendimento dos alunos, bem como sobre a
execução de sua proposta pedagógica.
Art. 13º. Os docentes
incumbir-se-ão de:
[...]
III -zelar pela aprendizagem
dos alunos;
IV -estabelecer estratégias
de recuperação para os alunos de menor rendimento;
VI -colaborar com as
atividades de articulação da escola com as famílias e a comunidade.
Ao dizer que é
responsabilidade da escola e do professor zelar pela aprendizagem dos alunos,
assim como estabelecer estratégias de recuperação para alunos de menor rendimento,
acrescenta a necessidade disso ser feito ao longo do ano, paralelamente e com
qualidade sendo mais importante do que quantidade, ou seja, pontos obtidos ao
final do ano.
Art. 23 - A educação básica
poderá organizar-se em séries anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância
regular de períodos de estudos, grupos não seriados, com base na idade, na
competência e em outros critérios, ou por forma diversa de organização, sempre
que o interesse do processo de aprendizagem assim o recomendar.
Art.
24º. A educação básica, nos níveis fundamental e médio, será organizada de
acordo com as seguintes regras comuns:
[...]
V
-a verificação do rendimento escolar observará os seguintes critérios:
a)
avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos
aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do
período sobre os de eventuais provas finais;
e)
obrigatoriedade de estudos de recuperação, de preferência paralelos ao período
letivo, para os casos de baixo rendimento escolar, a serem disciplinados pelas
instituições de ensino em seus regimentos;
Material
de Apoio:
Você pode assistir o filme “Somos
todos diferentes” o filme conta a história de uma criança que sofre com
dislexia e custa a ser compreendida. Ishaan Awasthi, de 9 anos, já repetiu uma
vez o terceiro período (no sistema educacional indiano) e corre o risco de
repetir de novo. As letras dançam em sua frente, como diz, e não consegue
acompanhar as aulas nem focar sua atenção.
Inesperadamente, um
professor substituto de artes entra em cena e logo percebe que algo de errado
estava pairando sobre Ishaan. Não demorou para que o diagnóstico de dislexia
ficasse claro para ele, o que o leva a por em prática um ambicioso plano de
resgatar aquele garoto que havia perdido sua réstia de luz e vontade de viver.
Associação Brasileira de
Dislexia - http://www.dislexia.org.br/
Instituto ABCD - http://www.institutoabcd.org.br
Dicas
para a sala de aula com um disléxico
1.
Colocá-lo de frente e no centro da lousa,
preferencialmente na 1ª carteira.
2.
Tê-lo sempre perto da professora, que
supervisiona seus trabalhos, principalmente na organização e seqüência das
atividades.
3.
Escrever claro e espaçado na lousa,
delimitando as partes da lousa (duas ou três partes no máximo) com uma linha
divisória vertical bem forte.
4.
Explicar que estas divisórias são feitas
somente na lousa, para facilitar a leitura e não devem ser reproduzidas no
caderno das crianças.
5.
Exigir disciplina e concentração no conteúdo
abordado, permitindo interrupções e opiniões espontâneas, desde que pertinentes
ao assunto. Dizer ao aluno caso sua colocação esteja fora de contexto.
6.
Valorizar sempre o conteúdo trabalhado e
“tolerar” as dificuldades gramaticais, como letra maiúscula, parágrafo,
pontuação, acentuação, caligrafia irregular, etc. Diminuir a tolerância à
medida que os anos escolares se sucedem.
7.
O disléxico geralmente tem dificuldade com a
orientação e organização espaciais. Pode, sem perceber, pular folhas do
caderno, pular linhas indevidamente, escrever na apostila trocada, fazer
anotações em locais inadequados. Mostrar sempre o certo, não punir o erro e não
criticá-lo pela falta de atenção. Diminuir a tolerância à medida que os anos
escolares se sucedem.
8.
O disléxico geralmente tem dificuldade em
ficar sentado na carteira por muito tempo seguido. Permitir que levante-se,
aponte o lápis, vá até a lousa, ou outro movimento que o relaxe, exigindo que
retorne ao lugar em seguida.
9.
Ser sempre clara e sucinta nas explicações
das ordens dadas oralmente, preferencialmente dando exemplos e mostrando onde
quer que faça a atividade. Ex.: do lado direito superior da folha, mostrar o
lado e a orientação.
10. Em
lugar de dizer o que não deve ser feito, diga sempre o que é esperado que se
faça e como é para ser feito. Repetir a ordem se necessário.
11. Elaborar
aulas com material visual, claro, criativo, que chame atenção.
12. Usar
sempre mais de um canal de aprendizagem e informação, com diferentes recursos
audio-visuais. Ex.: entonação na voz, dramatização, sons, desenhos, texturas,
luzes, músicas, descobertas, retroprojetor, data show, etc. além da tradicional
memorização de aulas expositivas.
13. Estar
sempre em contato com o profissional que atende a criança, sabendo quais as
letras que já foram trabalhadas para que possa ser exigido o acerto.
14. Trabalhar
sempre com o erro como forma de aprendizado e nunca como meio de punição. Ex.:
se trocou letras, mostrar o erro, ler o erro, produzir o erro e estimular a classe
a corrigi-lo, sem estigmatizar o aluno
15. Produzir
erros “de propósito” para que os alunos descubram. Só aquele que aprendeu pode
corrigir.
16. Não
dar muitos exercícios repetidos. O disléxico não aprende pela repetição, ao
contrário, cansa-se mais facilmente e desmotiva-se.
17. Criar
novas formas de ensinar a mesma coisa, pedir que as crianças elaborem
exercícios, tornando-se co-autoras do aprendizado.
18. Em
um texto espontâneo, valorizar as idéias, o conteúdo. Dar notas separadas para
a idéia e para a escrita.
19. Em
provas de outras disciplinas, como ciências, história, etc., corrigir pelo
conteúdo e não descontar nota por erros de português. Aumentar a exigência à
medida que avançam os anos escolares.
20. Delimitar
em colunas os cálculos matemáticos, para que não se confunda na orientação
espacial.
21. Aceitar
respostas objetivas, diretas, curtas, desde que contenham a resposta
solicitada. Aumentar a exigência à medida que os anos escolares avançam.
22. Os
textos do disléxico tendem a ser desorganizados, com falhas na seqüência dos
fatos e excesso de pronomes. Explicar e numerar os parágrafos.
23. A
leitura do disléxico geralmente é muito ruim, porém a compreensão pode estar
preservada. Ele pode ler palavras trocadas, de conteúdo semântico semelhante.
Ex.: /unir/ por /juntar/; /beber/ por /tomar/. Tolerar, desde que a compreensão
seja preservada.
24. O
disléxico é tão inteligente ou mais que os outros alunos. Apresenta falhas de
percepção de origem neurológica. Ele não erra de propósito, nem dispersa-se
porque não está interessado. Necessita de variedade e flexibilidade por parte
do professor, além de uma boa dose de paciência e tolerância.
25. Disciplina,
organização e criatividade são os fatores chave para que um disléxico tenha
sucesso em sala de aula. A rigidez e os modelos pré-concebidos não se encaixam
com este aluno.
26. Ensinar
o aluno a resumir, extrair as palavras-chave da frase, do parágrafo, do texto.
27. Ensinar
o aluno a parafrasear, isto é, dizer com suas palavras o que entendeu, passando
para a escrita.
28. Ensinar
o aluno a ler, parar e avaliar se compreendeu. Não permitir que leia toda a
página para chegar a conclusão, no final, de que não entendeu nada.
29. Sempre
procurar literatura especializada, orientação e metodologia adequadas.
Pedido
de uma mãe que ouve as reclamações do filho
O livro adotado esse ano
pela escola me parece excelente, pois os Disléxicos terão a possibilidade demostrar
oralmente que tem o conhecimento através de trabalhos como apresentação
teatral. Peço que não peça outras
crianças para ficar mandando ele copiar o que está no quadro como fez ano
passado (eu tiro Xerox do caderno de outra criança) pois se ele fica ausente
não é por culpa dele. Ele pode não parecer mais esta atento a aula. Não peça a
outra criança que o ensine, pois isso faz com que ele fique com baixa
autoestima, pois as crianças não compreendem por que ele erra ao falar algumas
palavras ou porque tem dificuldade para ler palavras com b e d. Quanto as provas
seria lhe muito grata se por favor lê se a prova para ele, este já é um direito
garantido para quem presta vestibular ou ENEM, pois a dislexia causa dificuldade
no entendimento quando a própria pessoa ler.
Dra. Renata Savastano
Ribeiro Jardini- Fonoaudióloga, Psicopedagoga- http://www.metododasboquinhas.com.br/DicasSaladeAula.aspx