Por trás, a genialidade
O Hospital utiliza o "Método
Irlen", que é o uso de lentes para controlar distorções na visão,
promovendo resultados imediatos. "Fazemos ampla avaliação oftalmológica
para saber se existem outras patologias", explica a oftalmologista Márcia
Guimarães.
O
que contradiz esse fato é a recente pesquisa da Associação Brasileira de
Dislexia (ABD) revelando que a maioria das pessoas nessa condição tem o
quociente de inteligência (QI) acima da média.
O escritor Ronald Davis, autor do livro "O Dom da Dislexia - por que algumas pessoas mais brilhantes não conseguem ler e com podem aprender", mostra que o disléxico é extremamente criativo e tem a habilidade de pensar principalmente em imagens. Por isso, precisa ser seus dons desenvolvidos.
Segundo a ABD, o transtorno tem a maior incidência nas salas de aula. Diversos estudos realizados em outros países apontam que entre 5% e 17% da população mundial possui o distúrbio e que sua maior incidência está na hereditariedade e não no resultado da má alfabetização ou baixa inteligência. Quem tem dislexia, além de problemas com as palavras, possui dificuldades com a memória verbal, operacional e de longo alcance.
EDUCAÇÃO - De acordo com Oswaldo Pereira, médico e pai de Danielle, quem possui essa característica é mais criativo, intuitivo e consegue utilizar o lado emocional e racional do cérebro ao mesmo tempo. "As pessoas comuns dominam apenas um lado do cérebro: enquanto a parte motora está em ação, outras não estão em funcionamento. Já o disléxico consegue utilizar os dois lados do cérebro simultaneamente. Por causa de um método de ensino defasado, muitas pessoas geniais não conseguem vencer a barreira da alfabetização", diz.
A
mãe de Danielle diz que é possível encontrar boas escolas e que compreendem a
situação de alunos com dislexia, porém não estão preparadas para desenvolver um
sistema de avaliação diferenciado.
"As escolas pensam que trabalhar de forma diferente com quem tem alguma
limitação é um privilégio. Mas não é. Para tratar todos com igualdade temos que
perceber as diferenças".
No entanto, as pessoas que possuem essa característica podem, desde que comprovado com laudo médico, ter avaliação diferenciada para provas, vestibulares, concursos e até para adquirir a carteira de habilitação.
TRATAMENTO- Diversos centros no país oferecem o tratamento para dislexia. Em Nova Lima existe o Hospital de Olhos Dr. Ricardo Guimarães, que possui uma abordagem interdisciplinar para os disléxicos.
A pedagoga Anna Flávia levou a filha ao Hospital de Olhos e conta que desde que a adolescente começou a utilizar os óculos com as lentes corretivas, seu rendimento escolar melhorou significativamente. "Até o ano passado ela não lia corretamente. Os óculos não fazem milagres, mas hoje ela lê tudo certo e mais rápido", alegra-se.