Porque as escolas não funcionam?
Infelizmente,
no entanto, temos visto autoridades governamentais brasileiras em educação impondo
políticas falhas e métodos mal testados, limitando a autonomia dos educadores
de fazer
suas próprias descobertas a partir de experimentos e de implementar as
descobertas mais animadoras de todo o mundo. Ao invés de conduzir
pesquisas para descobrir como reverter o fracasso das crianças, tais
autoridade desencorajam qualquer pesquisa e propõem respostas
prontas e inconsequentes, baseadas em mera especulação, em senso
comum ou em sua limitada experiência particular com alfabetização.
É essencial ultrapassar a esfera do senso comum e conduzir pesquisas
científicas capazes de identificar as causas dos problemas educacionais e de
descobrir métodos comprovadamente eficazes em garantir que
nossas crianças consigam aprender e desenvolver seu pleno
potencial.
Como já dizia Piaget (1969/1976) em seu livro Psicologia e Pedagogia, "É inacreditável
que (...) a pedagogia não organize experimentos contínuos e metódicos,
contentando-se apenas em resolver os problemas por meio de opiniões, cujo 'bom senso'
encerra realmente mais afetividade do que razões efetivas." (p. 15).
Seguindo em sua crítica à falta de pesquisa séria no âmbito da
educação, Piaget (1969/1976) continua: "Como se
explica, então, que no campo da pedagogia, onde o futuro das próximas gerações
está em causa
num grau pelo menos igual ao do campo da saúde, as pesquisas de base permaneçam
tão
pobres..." (p. 17).
Piaget
(1969/1976, p: 22) aponta quatro razões para tal situação, dentre elas: 1) A
falta de autonomia dos professores que são obrigados a seguir diretrizes e
programas ditados por autoridades oficiais que se
dedicam apenas às atividades administrativas, que não conduzem pesquisa
e não tendem a levar em conta os dados de pesquisa. Assim, os professores têm
que submeter-se
a programas estabelecidos pelas decisões burocráticas dos administradores e não
pelos
dados dos pesquisadores; 2) A falta de condução de pesquisas pelos próprios professores,
que têm pouco contato com a prática de pesquisa durante a sua formação e ao longo
da sua profissão e que, assim, não têm tido autonomia para comparar
sistematicamente a eficácia de diferentes procedimentos de ensino e dar peso de
prova às suas conclusões.