Escritor vence desafios da Síndrome de Asperger
Para alguns descobrir que o filho
nasceu como autista do tipo asperger pode ser desapontador, mas basta olhar ao redor que verá várias
histórias de sucessos de pessoas que venceram.
O diagnóstico veio após o autor
ter publicado 3 obras e vencido 2 concursos. Cristiano Camargo diz que força de
vontade o fez superar as dificuldades.
A descoberta ocorreu durante uma
viagem internacional que o pai de Camargo, na época um pesquisador de
Farmacologia e Bioquímica da USP, desconfiou que o filho, então com 41 anos,
poderia ser autista. Ao ler o livro “O estranho caso do cachorro morto”, de
Mark Haddon, em que o protagonista apresentava o distúrbio, o pai notou a
semelhança da personagem com o filho. O pesquisador passou o livro a Camargo e
marcou uma consulta em São Paulo com um psiquiatra. O médico realizou o exame e
confirmou o diagnóstico de asperger.
O transtorno asperger não atinge
a capacidade de aprendizado, mas prejudica a interação social e o comportamento
do portador. Para explicar como o autista vê o mundo, Cristiano Camargo criou a
hipótese que nomeou de “processo de amadurecimento asperger”, no qual o
portador vai evoluindo e se tornando mais sociável e independente.
Com cinco livros publicados e
três prêmios literários em 38 anos de uma carreira que ele começou aos 12 anos,
o autor se destaca pela sensibilidade e criatividade que emprega em suas obras.
Mais do que se esforçar para contar boas histórias, o escritor é exemplo para
muitos por ter superado as dificuldades de ser autista do tipo asperger,
síndrome que só descobriu que possuía aos 41 anos, quando já tinha três
publicações e vencido dois concursos.
O choque inicial de descobrir ser asperger
transformou-se em inspiração para o livro mais recente, publicado no ano
passado. “Autista com muito orgulho – a síndrome vista pelo lado de dentro” é a
primeira obra de não ficção de Camargo, que relata um pouco de sua história e o
que se passa na vida do autista. A publicação e o trabalho de ativismo na
defesa de pessoas com a síndrome renderam ao autor neste ano o prêmio do
Movimento do Orgulho Autista, entregue na Assembleia Legislativa de Brasília
(DF), onde ele compôs a mesa de debates e discursou no evento.
“Quando criança eu adorava as redações,
principalmente tema livre. Foi fazendo redações do mesmo tema, juntando tudo e
formando uma coleção delas que eu fiz o meu primeiro livro.”
A história “Inesperado Salvador” foi escrita a mão
por ele aos 12 anos. Uma amiga da família datilografou os manuscritos e enviou
para o concurso Círculo do Livro. O prêmio veio com a publicação da obra em uma
coletânea em 1979.
O resultado surpreendeu a família. “Meu pai ficou
muito surpreso, de ver a qualidade da história. Era a primeira vez que eu
estava escrevendo, então ele não tinha ideia de que eu tinha essa vocação
literária.”
Procure atividades que interessam ao seu
filho e estimulem.