Você sabe o que é Lúpus?
O lúpus
eritematoso sistêmico é uma doença autoimune que atinge principalmente mulheres
na faixa dos 20 a 40 anos, como a brasileira Paula Oliveira, que recentemente
admitiu ter feito declarações falsas à polícia de Zurique na semana passada,
quando disse ter sido atacada por três neonazistas. A pedido do site do Globo,
o reumatologista Evandro Mendes Klumb, membro da comissão de lúpus eritematoso
sistêmico da Sociedade Brasileira de Reumatologia, o clínico-geral Leonardo
Frajhof, professor adjunto de clínica médica do Hospital Gaffrée e Guinle, e o
clínico-geral Aderson Moreira Rocha, especialista em reumatologia, esclareceram
as principais dúvidas sobre a doença:
O que é lúpus?
O lúpus
eritematoso sistêmico é uma doença autoimune, de causa desconhecida e sem cura,
que costuma aparecer em mulheres com idades entre 20 e 40 anos. O clínico-geral
Leonardo Frajhof explica que a doença surge quando o corpo começa a produzir
anticorpos contra o próprio organismo, passando a entender que certas células
são 'intrusas' e precisam ser destruídas.
Os surtos podem acontecer de uma
hora para a outra, mas são raros. Como em qualquer doença, os distúrbios
emocionais começam de forma branda e vão se intensificando
Quais os principais sintomas da doença?
Antes do
diagnóstico, é comum a pessoa ter febre, cansaço, um mal-estar generalizado,
manchas vermelhas pelo corpo e problemas renais por um período prolongado. Além
destes sintomas, 78% dos portadores de lúpus têm dores articulares ou na
musculatura, e 66% têm algum tipo de transtorno neuropsiquiátrico, entre eles a
depressão, os distúrbios de ansiedade e, em casos raros, os surtos psicóticos.
Segundo o
reumatologista Aderson Rocha, as dores e o inchaço nas juntas são manifestações
comuns, seguidas pelas lesões na pele. A fotossensibilidade também acontece com
frequência, assim como o cansaço, as dores pelo corpo e as aftas. Alguns
pacientes sofrem com problemas renais e anemia.
Os dois
primeiros referem-se à mucosa bucal. Entre outras lesões orais importantes,
aparecem úlceras na boca que, na fase inicial, exigem diagnóstico diferencial
com pênfigo, uma doença frequente em países tropicais. Pode ocorrer também
mucosite, uma lesão inflamatória causada por fatores como a estomatite aftosa
de repetição, por exemplo.
Surtos psicóticos são comuns em quem tem a doença?
Não. Eles
podem acontecer, mas são raros, explica Leonardo Frajhos. O médico Evandro
Klumb lembra que as manifestações psiquiátricas da doença podem ter várias
causas.
- Os
surtos podem acontecer de uma hora para a outra, mas são raros. Como em
qualquer doença, os distúrbios emocionais começam de forma branda e vão se
intensificando. Primeiro pode surgir uma tristeza, mudanças de humor ou um
desânimo que evoluem para algo mais sério. O uso de certos medicamentos pode
piorar o humor, assim como a falta de tratamento adequado. Além disso, o
próprio diagnóstico da doença pode deixar a pessoa mais ansiosa ou deprimida -
diz Klumb.
Como é o tratamento?
Depois do
diagnóstico correto, o paciente pode ser medicado com corticoesteróides,
antimaláricos e imunomoduladores/imunossupressores. Anti-inflamatórios e
antitérmicos podem ser usados por um curto período.
- O lúpus
é uma doença crônica com períodos de inatividade, então nem sempre o paciente
vai ter que tomar a mesma medicação por toda a vida. Mas o acompanhamento
médico precisa ser constante - afirma Evandro Klumb.
O lúpus
eritematoso sistêmico é uma doença autoimune, de causa desconhecida e sem cura,
que costuma aparecer em mulheres com idades entre 20 e 40 anos
A mulher com lúpus pode ter filhos?
A
gestante com lúpus se encaixa na categoria de gravidez de risco. Segundo
Leonardo Frajhof, o curso da gravidez em uma mulher com lúpus é imprevisível,
já que os sintomas podem melhorar, piorar ou até mesmo prejudicar apenas o
feto. Evandro Klumb também afirma que a incidência de abortos espontâneos é
mais comum em mulheres com a doença.
Quem está mais suscetível à doença?
O lúpus é
uma doença frequente na reumatologia. Em mulheres brancas, ela atinge uma em
cada mil. Já nas negras, uma em cada 250 mulheres. A doença é pouco comum em
homens (atinge nove mulheres para cada homem) e costuma surgir em mulheres em
idade reprodutiva, geralmente após um grande trauma emocional, como uma perda,
um acidente grave ou uma separação.
É importante, também, tomar cuidado para
não contrair infecções. Evitar grandes conglomerados ou agrupamentos de pessoas
e o contato com portadores de doenças infecciosas, que possam ser transmitidas,
é uma precaução válida e indispensável.
Além disso, é preciso estar sempre atento
ao psiquismo da paciente lúpica, que se altera muito com a doença. Às vezes, a
primeira manifestação é um surto psicótico ou de ansiedade. Por isso, o
equilíbrio emocional é meta importante na vida dessas mulheres.