Ritalina - O direito a brincar livremente
Brincar na rua é em
muitas cidades do mundo uma espécie em vias de extinção. O tempo espontâneo, do
imprevisível, da aventura, do risco, do confronto com o espaço físico, natural,
deu lugar ao tempo organizado, planeado, uniformizado (…) com implicações
graves na esfera do desenvolvimento motor, emocional e social.
É necessário mudar este
padrão, defende Carlos Neto, professor da Faculdade de Motricidade Humana, que
tem dedicado a sua investigação ao desenvolvimento motor das crianças. As
conclusões do seu estudo são dramáticas: as crianças que não brincam livremente
ficam nervosas, têm mais dificuldade em situar-se no espaço (sentido de orientação),
em calcular distâncias e “menos capacidade de defesa e adaptabilidade a novas
circunstâncias” (A Criança e o Jogo: Perspectivas de Investigação).
Drogar crianças,
preencher o seu dia com “atividades” ou entupi-las de jogos de computador é a
solução que o capital encontrou para diminuir o espaço dos recreios e o número
de educadoras/professoras. Sabem os leitores que em média uma criança de 7 anos
que frequente o nível oficial público ou privado está cerca de 8 horas sentada?
Sabem os leitores que as crianças com esta idade na Alemanha ficam na escola
entre as 8 e as 12 e o resto do dia é livre para brincar? Em Portugal, elas
ficam na escola entre as 8.30 e as 15 (horário de aulas) e o resto do tempo é
passado num ATL a aprender inglês, estudo acompanhado, música…Tudo, sentado,
imobilizado, dentro da sala de aula.
Ao todo, entre as 8:
30 e as 19:00 as crianças portuguesas não chegam a ter duas horas de recreio,
um horário de trabalho mais extenso que o de alguns adultos.
Fonte:
http://www.revistarubra.org/?page_id=780